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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

D. AFONSO HENRIQUES*




(id 26)
O Fundador de Portugal

Nasceu em Guimarães a 25/07/1109 e morreu em Coimbra a 06/12/1185.

PAIS:
D. Henrique*
D. Teresa de Leão*


CASAMENTOS/UNIÕES
I
Mahaut de Savoie (D. Mafalda)*

FILHOS:
D. Henrique
D. Urraca
D. Mafalda
D. Sancho I*
D. Teresa (Matilde)
D. João
D. Sancha

II (un)
???

FILHOS:
D. Fernando Afonso
D. Pedro Afonso
D. Afonso de Portugal
D. Teresa Afonso


III (un)
Elvira Gualter

FILHOS:
D. Urraca Afonso

==== x ====
Fonte(s):
GeneAll.net

* - ascendente de Cláudia Magro


D. Egas Moniz, o honrado, bem-aventurado, notável, ilustre, sempre grande, ínclito e admirável herói, um dos insignes cavaleiros que celebram as histórias da Espanha, rico-homem de Portugal, senhor de Britiande, Resende, Chasconhe, S. Martinho de Mouros e do Castelo de Lamego, governador da Beira, e Entre Douro e Minho.
Amo, aio, vedor, mordomo-mor, valido e escudo invencível do nosso primeiro rei D. Afonso Henriques, pai da pátria, coluna do reino, velho venerável, a cuja singular prudência e perícia militar deve a coroa lusitana seu ser e exaltação.

Texto transcrito de:

ÁRVORE GENEALÓGICA DA ASCENDÂNCIA DE JOÃO PEREIRA DE ALMEIDA BEÇA DE VASCONCELOS e de seus irmãos da Quinta de Pinhete e de outras famílias que lhe pertencem - Frei Manuel do Amor Divino Bessa (1762; 1997). . Prefácio, Notas, Adenda e Índice Onomástico do Arqº Álvaro Magro de Moura Bessa. Porto: Livraria Civilização Editora.


"D. Afonso Henriques, o 1º de nome, filho do conde D. Henrique e de sua mulher D. Teresa, nasceu na vila de Guimarães a 25 de Julho de 1109, mas com grande sentimento do conde seu pai por ele ser aleijado das pernas e em tudo o mais perfeito. E, tendo já 5 meses de idade, como seus pais costumavam fazer grandes prerrogações a Deus para que lhe desse saúde, o levaram a N. Srª de Cárquere junto a Lamego e, por intercessão sua, por meio da Mãe de Deus invocada na dita imagem, sarou milagrosamente e, morrendo seu pai como dito fica no ano de 1112 e como ele não tinha de idade mais que 3 anos, ficou governando Portugal a rainha D. Teresa sua mãe, que depois de alguns anos, querendo casar segunda vez com o conde D. Fernão Peres de Trastâmara, se levantou com o senhorio de Portugal. O que vendo D. Afonso Henriques, juntou a gente que tinha, e a mais que pôde, e tiveram uma batalha em o Campo de S. Mamede junto a Guimarães e, ficando nela vitorioso, prendeu a sua mãe e padrasto, e ficou senhor de Portugal, o que sucedeu dia de S. João Baptista do ano de 1128.

El-rei D. Afonso 7º de Castela, por favorecer a parte da rainha D. Teresa, entrou no mesmo ano por Portugal dentro com todo o seu poder e, saindo-lhe ao encontro D. Afonso Henriques, tiveram uma batalha na Veiga que chamam da matança junto à Vila dos Arcos, na qual foi el-rei de Castela vencido e ferido de duas lançadas, das quais escapou à morte fugindo.
Outros muitos recontros tiveram em que sempre o nosso rei D. Afonso Henriques permaneceu vencedor. E querendo depois estender os limites do seu reino, juntou um exército no ano de 1139 e, passando o rio Tejo, entrou pelas terras que os Mouros possuíam e saindo-lhe ao encontro el-rei Ismar e outros quatro reis mouros com inumerável cópia de gente, e determinando os Portugueses dar-lhes batalha, primeiro de a principiarem o levantaram rei de Portugal, com o que, animados, em o mesmo dia alcançaram uma das grandes vitórias, que no Mundo são sabidas. O que foi em dia de S. Tiago Maior, a 25 de Julho de 1139.
E, continuando as guerras com os Mouros, lhes tomou a vila de Santarém no ano de 1147, no mês de Maio; e logo no mesmo ano foi sitiar a cidade de Lisboa e a tomou aos 25 de Outubro, e no ano seguinte de 1148 tomou a vila de Alenquer, e depois, no de 1162, tomou a cidade de Beja e no de 1166 tomou a cidade de Évora. E alcançando outras muitas vitórias contra os Mouros, e tendo feito outras muitas coisas assinaladas, faleceu na cidade de Coimbra aos 6 de Dezembro do ano 1185.
Foi sepultado no Mosteiro de Coimbra dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz daquela cidade."


Texto transcrito de: ÁRVORE GENEALÓGICA DA ASCENDÊNCIA DE JOÃO PEREIRA DE ALMEIDA BEÇA DE VASCONCELOS e de seus irmãos da Quinta de Pinhete e de outras famílias que lhe pertencem - Frei Manuel do Amor Divino Bessa (1762; 1997). . Prefácio, Notas, Adenda e Índice Onomástico do Arqº Álvaro Magro de Moura Bessa. Porto: Livraria Civilização Editora.


"Uma boa parte da vida e obra de D. Afonso Henriques está embrulhada em mistério. Tal como ele tivesse sido o fundador duma religião em que, apenas por uma questão de fé, ou se acredita ou não se acredita. A ciência histórica apresenta-o, em diversos momentos do seu percurso de príncipe e rei, como "miraculado".
(Jorge Laiginhas in "O SEGREDO DE D. AFONSO HENRIQUES" - 2007)



Jorge Laiginhas, licenciado em História, pós-graduado em Ciências Documentais e professor universitário contratado para reger a cadeira de História de Portugal Medievo Político e Institucional, após ter concluído a fase curricular de Doutoramento em História Medieval Portuguesa, abalançou-se na pesquisa documental tendo em vista a elaboração da respectiva tese, onde pretendia provar que D. Afonso Henriques não era filho do Conde D. Henrique nem da rainha D. Teresa.

Tendo por base essas pesquisas, publicou em 2007 o romance histórico - O SEGREDO DE D. AFONSO HENRIQUES - que nos desvenda toda a verdade sobre aquele que, apesar de ter nascido "grande demais desde o baixo-ventre até à cabeça e demasiado curto desde os pés até ao dito baixo-ventre", é o incontestável fundador de Portugal.

Baseado em escritos de cronistas da época, Jorge Laiginhas elabora uma humorada narrativa que nos leva a admitir:

1 - Ser pouco provável que o Conde D. Henrique tenha, alguma vez, "acasalado" com D. Teresa de Leão;

"Henrique andava pelos treze anos de idade quando lhe sobreveio um febrão endemoninhado, seguido de paralisia das carnes e do pensamento, que o obrigou, a ele conde D. Henrique, a ser submetido a uma cura por unguentos e benzeduras.

Quando o conde se achou aliviado da enfermidade, não era mais o mesmo rapaz!
Os unguentos haviam-lhe azeitado o rosto e as rezas haviam-lhe arredondado a andadura. A saliva tornara-se-lhe melosa e, por mor disso, adocicara-se-lhe a conversação."

"...Durante a viagem, o noivo - já marido por intercessão da bênção do senhor arcebispo de Compostela - escusou-se a cumprir as suas obrigações conjugais, sacudindo-se:
- O enjoo da viagem impede-me a concentração no acto, senhora princesa D. Teresa..."
"...padecia do "defeito crónico de enrijamento do membro"
"Não é certo, e antes é duvidoso, que o conde se tenha concentrado nessa noite.
De igual modo, também não é certo, e antes é duvidoso, que alguma vez o conde D. Henrique se tenha concentrado com a princesa D. Teresa.

O que é certo - a análise cruzada dos documentos coevos deixa pouca margem para dúvidas - é que o senhor conde D. Henrique não terá sido, de facto, o pai de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.";

2 - Que D. Egas Moniz teve um "caso" com D. Teresa de Leão;

"...Pelo final de um desses festins em honor da princesa D. Teresa, decidiu, D. Egas Moniz, por vontade da honrada, dar mando de fundação de um "ajuntamento" que ficaria instalado na dita casa de Fonte de Arcada. Tal "ajuntamento" houve por nome "Ordem do Templo", e teve como propósito oficiar milagres por encomenda.

A princesa devotou-se à causa da "Ordem do Templo" até que o seu marido, o conde D. Henrique, sendo sabedor que a esposa andava em grandes folguedos com D. Egas Moniz, lhe deu mando para que regressasse aos Paços de Guimarães onde os deveres de princesa, e quase rainha, a reclamavam.

D. Egas Moniz muito suplicou à princesa para que ela ignorasse o mando do esposo e continuasse a fazer-lhe companhia na casa de Fonte Arcada. Como ela não lhe deu ouvidos, arrimou-se à empreitada de visitar as terras que havia ganho..."

"...O conde D. Henrique havia viajado para a Galiza, mais precisamente para a cidade de S. Tiago de Compostela. Aí, prostrado diante das relíquias do Apóstolo Tiago, haveria de prometer melhoramentos substanciais no caminho que leva de Guimarães até Compostela, e vice-versa, em troca de ele, o Apóstolo Tiago, lhe engravidar a sua esposa, D. Teresa, a princesa do Condado Portucalense..."

"...Não querendo D. Teresa ser caluniada por receber, fosse dia ou fosse noite, D. Egas Moniz nos seus aposentos de privança, aprontou o casamento do seu valido. Mandou chamar o tabelião Rodrigo Mendes e negociou-se o matrimónio de D. Egas Moniz com uma de suas aias - suas, dela, D. Teresa. Foi escolhida para o enlace uma dama cega que dava pelo nome de Teresa Afonso e pertencia à influente família dos Sousãos..."

3 - Que D. Afonso Henriques nasceu aleijado das pernas

"...Estavam em Coimbra, no ano de mil cento e nove, quando se romperam as águas á rainha D. Teresa. Consta que a rainha ... deu à luz da noite - luz de lucernas de azeite - um rapaz como não havia memória de ter nascido outro assim: "grande demais desde o baixo-ventre até à cabeça e demasiado curto desde os pés até ao dito baixo-ventre"..
O conde D. Henrique, achando-se culpado pela deformação do recém-nascido, suplicou a D. Egas Moniz ... que providenciasse o modo de fazer crescer aquela "criatura" longe do seu olhar".
"...Quando, vindo da cidade de Coimbra, D. Egas Moniz regressou à vila de Britiande - a sua residência de Verão -, nos arredores da cidade de Lamego, presenteou a sua esposa, D. Teresa Afonso, com aquele príncipe enjeitado que os governantes do Condado Portucalense lhe haviam dado para criação. Por sua vez, a esposa de D. Egas Moniz, D. Teresa Afonso, estendeu-lhe o filho que havia parido na sua ausência. A este filho baptizaram com o nome de
Lourenço Viegas."
"...Alguns estudiosos afirmam que a rainha D. Teresa terá tomado consciência de que o rapaz que parira era "grande demais desde o baixo-ventre até à cabeça e demasiado curto desde os pés até ao dito baixo-ventre" e, assim sendo, jamais conseguiria que ele, príncipe "aleijado", fosse aceite pela nobreza portucalense como seu rei. Daí que o tenha enjeitado para, "carregada de desesperança, se entregar a uma vida que lhe era assaz saborosa".;

4 - Que a cura milagrosa de D. Afonso Henriques foi simulada por D. Egas Moniz

"Antes de viajar até à Galiza... a rainha D. Teresa foi visitar o príncipe, D. Afonso Henriques, a casa de D. Egas Moniz.
A rainha D. Teresa entrou em casa de D. Egas Moniz e logo saiu enjoada.

- O príncipe continua tão aleijado como quando nasceu - cuspiu a rainha, mirando D. Afonso Henriques com esgares de nojo.

- Ficará escorreito e será rei - asseverou-lhe D. Egas Moniz, com um piscar de olho mui cenhoso".

"...Estando a igreja em pé por inteiro, D. Egas Moniz mandou aí rezar missa num dia que era santificado - uma missa matinal. Escondeu o jovem Afonso Henriques sob os panos do altar sem que alguém fosse sabedor. Porque o rapaz era travesso, amarrou-o, de pés e mãos, com cordas e, não fosse o príncipe ganir, ... deu-lhe a beber água de medronho. E deu-lhe a beber tanta água de medronho que o petiz desfaleceu."

"...Quando o senhor abade deu a missa por dita...Egas Moniz deu voz de mando para que todos saissem, dizendo:

- Quero encomendar-me à Virgem e, se esta igreja é minha, quero encomendar-me em particular.

Ainda na tarde do mesmo dia, o nobre mandou que se rezasse uma missa longa:

- Que nesta tarde, e nesta igreja, seja rezada a maior de todas as missas desde que foi inventado o missal - recomendou ao abade.

E, logo pelo benzer da primeira oração, subiu ao altar e anunciou:

- Nossa Senhora fez um milagre na pessoa de D. Afonso Henriques, aquele que era aleijado e é agora um príncipe, e quase rei, sem nenhum aleijão. Louvores a Deus, e à Senhora Sua Mãe, que, por minhas ordens, dará, de hoje para todos os dias que hão-de vir, pelo nome de Santa Maria de Cárquere.
De imediato , os nobres que assistiam à missa quiseram beijar o aleijão que tivera o príncipe D. Afonso Henriques, mas Egas Moniz, muito ancho de santidade, e muito justificante, aduziu:

- O príncipe está em repouso pois o milagre que sofreu muito o cansou.

E não mais se viu o príncipe , aquele que foi o primeiro rei de Portugal, até ao tempo em que já contava duas dúzias de pelos ruços no buço."

"...Afigura-se-me inquetante que um documento do cartório do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra atribua ao senhor D. Lourenço Viegas, quando este já era um homem de idade avançada, as mesmas enfermidades com que, segundo as crónicas, nasceu o senhor D. Afonso Henriques - "grande demais desde o baixo-ventre até à cabeça e demasiado curto desde os pés até ao dito baixo-ventre".

"...Um cronista da época escreveu a proposito de D. Lourenço Viegas:

"Nunca Deus lhe quis bem, nem do coitado nunca se doeu, pois se dele se doesse não o fazia nascer com as pernas tolhidas, que vinham pegadas em parte uma na outra.";

5 - Em conclusão:

"D. Lourenço Viegas - fiel servidor dum rei inventado para que Portugal pudesse nascer como uma nação independente, filho de D. Egas Moniz e da rainha D. Teresa e entregue por esta aos cuidados do pai porque nascera "com um grande defeito nas pernas, não podendo, por isso, vir a ser rei", havia sido trocado, por acção do 'milagre' de Santa Maria de Cárquere, pelo seu meio-irmão, filho de D. Egas Moniz e sua esposa Teresa Afonso.

Excertos transcritos de: "O SEGREDO DE D. AFONSO HENRIQUES" - Jorge Laiginhas - 2007 - FLAMINGO Editora.